Por: Mariana dos Santos Murra
Nutricionista Pediátrica
Os relatos descritos na literatura retratam que a desnutrição infantil é diagnosticada de 3 a 5% nos pacientes pediátricos, mas evidências relatam que há um viés populacional além de um sub diagnóstico, e que a desnutrição pode acometer até 60% desses pacientes (1). Além disso, há uma disparidade do apoio nutricional em países de baixa, média e alta renda, onde, a depender da população estudada, os problemas nutricionais podem chegar em até 80% dos pacientes.(2)
Quando hospitalizados, por serem mais vulneráveis à desnutrição, as crianças e os adolescentes apresentam taxas de desnutrição que oscilam de 7,5% a 45,6% de acordo a população avaliada. Neste período, tais pacientes podem evoluir com a piora do estado nutricional, circunstância que pode comprometer o seu crescimento e desenvolvimento, impactando no prognóstico e no aumento do tempo de internação hospitalar. (2)
Por isso, é de tamanha a importância a indicação da terapia nutricional no momento adequado. A ASPEN guia as indicações da terapia enteral ou parenteral no paciente pediátrico e no paciente adulto que podem ser bem semelhantes, porém o gerenciamento é bem diferente.
No paciente pediátrico vários são os desafios nutricionais que irão impactar o seu estado nutricional e por isso a importância deste cuidado, o elevado turnover celular, as alterações metabólicas, a deglutição o apetite, o desenvolvimento do paladar, a demanda metabólica e a doença de base. (3)
Sendo assim, para a indicação da terapia enteral, deve-se considerar:
1. Ingestão alimentar <75%, avaliado a partir de recordatórios ou inquéritos que avaliam a ingestão alimentar;
2. Taxa de aceitação do complemento alimentar oral, indicado quando a ingestão oral fica abaixo de 75% das necessidades não for atingida.
3. Impossibilidade de utilizar a via oral, mas com trato gastrointestinal funcionante.
Dentre as recomendações da ASPEN, as necessidades energéticas devem ser calculadas pela calorimetria indireta e quando não houver a possibilidade Schofield ou FAO devem ser a fórmulas de primeira escolha, o início da dieta em 24 a 48h e após a indicação, pode levar até 3 dias para atingir as recomendações, o posicionamento da sonda pode ser via gástrica.
A indicação de proteína, sugere-se 1,5g por kg e a nutrição parenteral pode ser indicada de forma suplementar, se o paciente estiver gravemente desnutrido e não tolerar o volume adequado da dieta enteral na primeira semana e fracas são as indicações de imunonutrição, por isso não há uma definição sobre a sua utilização.(4,5)
Para a os critérios de escolha da fórmula enteral pediátrica, deve-se garantir o aporte dos macros e dos micronutrientes de forma adequada, e as indicações para a mesma.
Além dos cuidados nutricionais, deve-se considerar também o cuidado integral ao paciente, mostrar a importância da terapia nutricional de forma positiva e sem trocas ou ameaças, pois o uso da terapia nutricional não prejudica a realização das atividades diárias do paciente, a criança e o adolescente podem correr, brincar sem alterações no seu dia a dia, garantindo além de tudo o aporte necessário para o crescimento e desenvolvimento.
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Referências
1. Lee YJ. Nutritional Screening Tools among Hospitalized Children: from Past and to Present. Pediatr Gastroenterol Hepatol Nutr. 2018;21(2):79-85.
2. Barr RD, Stevens MCG. The influence of nutrition on clinical outcomes in children with cancer. Pediatr Blood Cancer. 2020;67 Suppl 3:e28117.
3. Hojsak I, Chourdakis M, Gerasimidis K, Hulst J, Huysentruyt K, Moreno-Villares JM, et al. What are the new guidelines and position papers in pediatric nutrition: A 2015-2020 overview. Clin Nutr ESPEN. 2021;43:49-63.
4. Cober MP, Gura KM. Enteral and parenteral nutrition considerations in pediatric patients. Am J Health Syst Pharm. 2019;76(19):1492-510.
5. Brown CL, Ip EH, Skelton J, Lucas C, Vitolins MZ. Parental concerns about picky eating and undereating, feeding practices, and child's weight. Obes Res Clin Pract. 2022;16(5):373-8.